ramoscheiosdeamora

Nacionalidade: Luso-brasileira Habilitações: um pouco de tudo: engenharia, química, línguas Paixão: Livros, Cinema, Poesia, Piano e Flores, muitas flores O que mais gosta: Rir às gargalhadas, bem alto, pra todo mundo ouvir... O que menos gosta: vou ter de pensar um pouquinho...

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So this is Christmas…

Se o seu fim de ano é como o meu então deve estar ansioso por ver o Natal pelas costas. Há anos que essa altura do ano me presenteia com correrias e uma profusão de gente doida. Espírito de Natal? Há campfunny_photo_20121217022743os de batalha com mais do que numa cidade grande. Sempre a correria dos presentes, a histeria colectiva que beira à depressão, a ansiedade do ano que virá, o pouco que se fez no ano que passou e o famoso balancete anual a nos dar cabo da cabeça… Mas aí se você for como eu, vai se recordar dos lugares novos que conheceu, as pessoas que apareceram e reapareceram na sua vida, das surpresas boas e dos sustos menos agradáveis, e vai descobrir que para o ano, terá mais 365 oportunidades de que tudo isso volte a acontecer. Quer acredite no menino jesus, no pai natal ou apenas em coincidências, este é o tempo que nos foi dado para viver. Saboreie-o e se puder escolher um lema, então, simplifique e sorria…

-Desejo  a todos os meus queridos amigos um natal simplificado e um 2013 pleno de sorrisos (ou vice e versa)!

São os votos da família Ramos da Silva.

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Sem perdão

Ela passeava ali todas as noites, a desfilar os seus vestidos coloridos, vermelho, azul, violeta, um mar de cores como nunca se viu. Vinha com um ar esvoaçante, despreocupado, como se o mundo lhe pertencesse. Tinha se mudado para a cidadezinha há poucos meses, e já era o centro da atenção de todos. Menina fresca, com seus 15 aninhos, altiva e a querer dar ares de mulher feita. Naquelas noites quentes de verão todos saiam de suas casas, que pareciam fornos a assar pães, e punham-se a passear na praça. O grande ipê amarelo que ficava ali no centro, junto ao coreto, era o lugar preferido das meninas. Os rapazes punham-se ao lado da fonte, mais à frente, onde tinham perfeita visão das moças e seus vestidos… Joãozinho ainda era muito novo para olhar para as meninas, tinha 15 anos de rapazice, o que na linguagem das meninas, significa que mal largou as fraldas. Ele punha-se ali a chutar a bola com uns amigos, embora de vez em quando lá deitasse uns olhinhos às moçoilas. Nenhuma lhe fascinava tanto como ela, recém-chegada, vinda não se sabe de onde, um mistério por resolver… Nada nos atrai mais do que o mistério. O que Joãozinho apreciava mesmo era o seu vestido azul celeste, cor de céu quando veio à terra. Fazia com que parecesse um anjo, sobretudo quando trazia o cabelo louro solto nas costas. Aliás, toda a sua imagem parecia irreal, como se a sua existência fosse etérea e estivesse acima de todos os outros, e o acidente da sua presença em tão pacata cidadezinha parecia absurdo, como um céu cinzento num dia de muito calor, quando desejamos que desabe sobre nós e ao mesmo tempo não acreditamos que sejamos abençoados com tamanho alento. Ela era assim. Uma promessa de alento.

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“Encontro nas águas do Mondego as ninfas da história…”

Reza a lenda que havia uma donzela mui formosa na Serra da Estrela por quem apaixonou-se um nobre espanhol de nome Diego. Viviam uma linda história de amor quando o seu rei o chamou para a guerra e Diego nunca mais voltou. A donzela passou os seus dias a chorar e a chamar pelo seu amado ‘mon Diego’…. suas lágriamas correram pela serra abaixo e deram origem ao rio Mondego.

Conta outra história ainda  Coimbra, mais precisamente nos jardins do Mosteiro de Santa Clara a velha, banhada em lágrimas e dor, essa que Camões assim recita:

As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que inda dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
Que lágrimas são a água e o nome Amores.

Outros houveram, como Lenau, que no lugar de ninfas procuraram sereias naquelas águas, sem saber que elas andavam  em terra, suscitando mágoas (e lágrimas)… e que com melancolia, levaram mesmo ao oceano sem fundo da loucura.

Mas a história aqui contada é a do Mosteiro: Santa Clara das Águas: a História de um Mosteiro e de um Rio que nunca lhe deu Paz… Fundado por Dona Mor Dias, filha de nobres que passou sua vida no Mosteiro de Santa Cruz, teve a grande ousadia de querer ter o seu próprio convento. Ora, significava que os Cônegos de Santa Cruz perderiam o seu dote certo? Dona Mor, boa portuguesa, fincou pés, fundou seu Mosteiro, mesmo tendo sido na contenda excomungada pelo Bispo de Coimbra. Só com a Rainha Dona Isabel (a do milagre das rosas) a contenda ficou resolvida e a construção do Mosteiro foi adiante.

Coimbra p’ra ser Coimbra
Três coisas há-de contar:
Guitarras, tricanas lindas,
Capas negras a adejar.

Histórias das tricanas de Coimbra, segundo diz o letreiro na estátua, “Mulher bonita, graciosa, de porte altivo, mulher de trabalho, desafiando a vida, mas nem sempre correspondida no amor…”

Enfim, histórias de mulheres não faltam por aqui. E como já dizia o fado:

O livro é uma mulher
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer saudade…

Fotos: A Tricana em Coimbra, O Assassinato de Inês no Mosteiro de Santa Clara a velha, Coimbra e o Mondego

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A paz que procuro…vem andar e voa…

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ImagemComeçou naquele dia e naquela hora, parto difícil, primogénita, menina já na nascença de grande envergadura, imagino que com a testa franzida a perguntar, não porque a tiraram lá de dentro, mas porque não fizeram um serviço mais rápido e bem feito, enfim, com menos sofrimento; depois são 2 anos sozinha, sem irmãs ou irmãos a chatear, pai quarentão babado e mãe sem experiência super-protetora, combinação perfeita para umas quantas mimices, que foram se acabando à medida que foram nascendo as outras, uma, duas, três, até serem 4 mulheres e já serem tantas que só dava para desejar que o próximo fosse homem, não vá esse mundo virar um reinado de caos no meio do mulherio, mas o tal homem demora para aparecer…antes tem um mundo de escola e responsabilidades, tudo sozinha, porque as irmãs eram mais pequenas e tão pequenas, precisavam de atenção, e aproveitava-se e dava alguma correção quando necessário, nada de traumatizante, até que chegou a vez da primeira comunhão, primeira experiência metafísica, acredito ou não, se não acredito até ao final do ano não faço essa comunhão, e a pergunta à minha irmã e a minha mãe a dizer ‘é claro que ela acredita’, ok, e eu, como vou fazer, até que por luz, inspiração, sei lá, devoção, Ele entrou e nunca mais saiu, e transformou cada gesto e cada ação, e trouxe a experiência de ser ‘mãe emprestada’ quando finalmente o irmão apareceu, e depois a paixão, a primeira, a segunda, como é fácil a gente se apaixonar e tão difícil a gente ‘deslargar’…e tem o curso e o sonho de viajar, correr mundo, novas vidas, novas civilizações, algumas ficam, outras vão, e a vida a dois que vira a três e depois a quatro, e os dias que se sucedem, as férias, o natal, o novo ano, e tudo outra vez, mas nada de rotina não, tudo sempre, sempre, cheio de paixão, de luz, de calor, e enfim, de amor,  e a mesma menina de sempre, com a alma parada naqueles 9 anos de idade, no dia do ‘acredito’, e agora dá licença mas eu tenho que continuar com o meu caminho, aonde leva o meu coração…

*Derbyshire, Chatsworth House Gardens

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Férias…

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Trio Mediaeval

Hoje, na Igreja de São Pedro de Rates. Há música que tem o poder de ressuscitar uma alma perdida…

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When the Saints Go Marching In

Oh, when the saints go marching in
Oh, when the saints go marching in
Lord, how I want to be in that number
When the saints go marching in
 
Oh, when the trumpet sounds its call
Oh, when the trumpet sounds its call
Lord, how I want to be in that number
When the trumpet sounds its call
 
Some say this world of trouble,
Is the only one we need,
But I’m waiting for that morning,
When the new world is revealed.

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O sonho da Minnie – Ballet da Luisa – Julho 2011

A idade não perdoa…a mãe meio cegueta esqueceu os óculos em casa e já ia confundindo a filha com outra bailarina… Oh vida!

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A Lacuna

Lacuna: espaço vago no interior de um corpo.

A escolha do livro foi por mero acaso: entrei na livraria à procura de que alguma coisa me chamasse a atenção, e chamou, o prémio Orange Prize, que premiou anteriormente a escritora Chimamanda Adichie. E valeu a pena. Em linhas gerais o livro conta a história de Harrison Shepherd, meio americano, meio mexicano, meio cozinheiro, meio escritor, com uma vida dividida entre os 2 países, em grande parte no México passada na companhia de Frida Kahlo, na época da visita de Trotsky à sua casa, e depois nos EUA durante a 2ª guerra e a famosa ‘caça às bruxas’. O livro é todo ficção, contado ora através de cartas, ora através de diário deixado pelo próprio personagem. O que faz o livro assim tão bom? Primeiro, a não utilização do óbvio, o espaço que deixa para o leitor pensar e reflectir, a insinuação no silêncio e nas meias palavras. Depois, a impensável construção da nossa civilização actual, do século em que vivemos, e da sua relação (ou confusão) com a nossa própria identidade.

“A parte mais importante de uma história é aquela que não conhecemos.” Embora o personagem tenha sido vítima toda a sua vida de palavras e ‘acidentes da história’ que tenham modificado o seu destino, sem que ele assim o quisesse, é possível ver aqui centenas de analogias com a nossa vida hoje. Quanta gente à nossa volta, através de palavras e pensamentos, a ditar o nosso comportamento! Quanta crítica voluntária e não desejada, nessa nossa sociedade, ao modo de ser e estar das pessoas! Se observarem os livros de auto-ajuda ou de programação neuro-linguística (sim, nós somos programáveis e reprogramáveis até darmos em doidos) verão que têm todos a mesma linha comum, o mesmo comportamento considerado correcto e aceitável, a mesma definição de ‘inteligência emocional’ a perseguir os 4 cantos do globo. Não seja você mesmo, seja aquilo que a sociedade espera de você. A tolerância termina aí. Acabaram-se os tempos das revoluções e das agitações (que até onde sei, não foram feitas utilizando a assertividade). Chegou o tempo do politicamente correcto, e quem não quiser aderir, é porque é um inadaptado nessa sociedade. Não há margem para a diferença.

Questionei-me ao longo do livro o título… embora lá tenha vários significados, entre eles uma frincha encontrada pelo personagem numa rocha no mar, acho que a lacuna aqui representa sempre a passagem que ele encontrava para fugir àquela sociedade opressora, de forma a consiguir manter-se fiel à sua identidade. Quantos de nós conseguimos fazer isto nos dias que correm?

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